Os Açores

Os Açores, localizados no meio do Oceano Atlântico, são um arquipélago composto por nove ilhas vulcânicas, cada uma com a sua própria personalidade e atrações únicas. Com uma paisagem verdejante exuberante, montanhas impressionantes, vales férteis, lagoas cintilantes e praias de areia escura, é um verdadeiro paraíso para os amantes da natureza.
Além das suas paisagens naturais, as ilhas também são ricas em história e cultura, com uma forte influência portuguesa, bem como traços de outras culturas que moldaram a região ao longo dos séculos. A gastronomia açoriana é outra atração imperdível, destacando-se pelos pratos de peixe e marisco frescos e deliciosos, bem como pelos famosos queijos locais e vinhos premiados.
Os Açores são um destino turístico ainda não descoberto por muitos, mas que oferece experiências autênticas, imersão na natureza e tranquilidade. Com uma variedade de atividades ao ar livre, como caminhadas, mergulho, observação de baleias e golfinhos, os visitantes têm a oportunidade de explorar as ilhas e descobrir as suas maravilhas naturais e culturais. É um lugar onde o tempo parece desacelerar e onde a beleza natural é preservada e valorizada.

O vinho nos Açores

Ao longo do século XII, os europeus, em particular os portugueses sob o domínio de D. Diniz (1279-1325) e D. Afonso IV (1325-1357), realizaram viagens marítimas que trouxeram as primeiras informações sobre o arquipélago dos Açores. Foi durante o período de Pedro de Portugal, 1.º Duque de Coimbra (1392-1449), enquanto regente durante a menoridade de Afonso V de Portugal, que ocorreu um grande impulso no povoamento do arquipélago, seguindo uma determinação expressa na carta régia de 2 de julho de 1439 a Gonçalo Velho Cabral.
Não é difícil imaginar que os primeiros colonizadores trouxeram consigo vinhas, já que o vinho sempre teve um papel crucial na cultura portuguesa. De fato, era considerado um bem de primeira necessidade e, ainda hoje, a cultura da vinha é uma das mais importantes do arquipélago açoriano.
A ilha do Pico é a principal representante da vitivinicultura nos Açores, sobretudo pelo renome mundial que o vinho verdelho, produzido a partir da casta do mesmo nome, obteve ao longo dos séculos. A partir do século XIX, foram introduzidas novas castas que deram origem a vinhos tintos e brancos de mesa.
Devido à aspereza dos terrenos vulcânicos, praticamente sem terra vegetal, o cultivo da vinha é feito em currais. Durante o século XVIII e até o primeiro quartel do século XIX, o Pico viveu um período áureo da atividade económica, produzindo mais de 50 mil pipas de verdelho que eram exportadas para a Rússia, Brasil, Inglaterra, e outros países, bem como para o continente, onde abasteciam barcos e armadas que aqui faziam escala.
Em julho de 2004, a UNESCO declarou a Paisagem Protegida de Interesse Regional da Cultura da Vinha da Ilha do Pico (criada em 1996) como Patrimônio Mundial da Humanidade, comprovando a sua importância local e mundial. Currais, maroiços (amontoados de pedra em forma de pirâmide), vinhas e adegas com os seus equipamentos, são elementos emblemáticos da vinha e do vinho.
Nas ilhas Terceira, Graciosa e Pico, existem três regiões demarcadas para a produção de vinho, que comercializam cerca de duas dezenas de marcas de vinhos de mesa, licorosos e regionais oficialmente reconhecidos. A cultura da vinha ainda hoje mantém a sua relevância nas ilhas, sendo uma das atividades económicas mais importantes do arquipélago.

Relevância Cultural do vinho

O Governo Regional dos Açores valoriza a cultura do vinho na região, tendo criado o Museu do Vinho, na Vila da Madalena, ilha do Pico, como parte do Museu Regional. O museu encontra-se na Casa Conventual dos Carmelitas e apresenta aspetos culturais relevantes relacionados com a produção de vinho na ilha. Produzido a partir da casta verdelho, o vinho do Pico era exportado para países como a Rússia, o Brasil e a Inglaterra, tornando-se conhecido como o vinho dos Czares. Já o vinho dos Biscoitos, produzido no século XVI, era conhecido como o vinho das Caravelas da rota das Índias e das Especiarias.
Durante muito tempo, o vinho Verdelho era um produto fundamental para o abastecimento das armadas. Na ilha Terceira, em particular na freguesia de S. Pedro do Porto da Cruz, onde vivia Pero Enes do Canto, posteriormente nomeado Provedor das Armadas, a produção de vinho era muito valorizada. No entanto, em 1853, a vinha começou a ser atacada por uma doença criptogâmica conhecida como “burril”, o que levou a uma queda acentuada na produção de vinho na ilha Terceira e nas outras ilhas. Infelizmente, em 1870, uma nova praga, o afídio Phylloxera vastatrix, destruiu ainda mais as vinhas. Em 1890, Francisco Maria Brum fundou a primeira Adega Regional da época, que foi bem-sucedida e viu a produção de vinho aumentar significativamente. Em 1901, foram produzidos três potes de vinho Verdelho, e no ano seguinte, uma pipa. Em 1903, a produção cresceu para 6 pipas e meia e, no ano seguinte, para 11 pipas.
O vinho de Verdelho é altamente valorizado na região dos Biscoitos, na ilha Terceira, e é disponível em diferentes variedades, incluindo mesa, regional e licoroso (IPR). Na atualidade, o Verdelho dos Biscoitos licoroso é particularmente prestigiado nas recepções oficiais, incluindo o “Biscoitos de Honra” e eventos nacionais. A qualidade dos vinhos de mesa melhorou significativamente em 1993, quando o Decreto-Lei criou as Zonas Vitivinícolas dos Biscoitos, da Graciosa e do Pico para proteger as castas tradicionais e incentivar a qualidade dos vinhos brancos.
A região dos Biscoitos foi designada como a área de produção para o vinho licoroso de qualidade produzido em região determinada (VLQPRD), juntamente com a região do Pico. A categoria de Vinho Regional dos Açores foi criada em 2005 e o Museu do Vinho, criado em 1990 pela Casa Agrícola Brum, tem um papel fundamental na promoção da história e cultura vitivinícola regional, bem como no enoturismo.
Em 1993, a Confraria do Vinho Verdelho dos Biscoitos foi fundada no Museu do Vinho, visando proteger, promover, valorizar e divulgar o vinho Verdelho dos Biscoitos e o vinho de qualidade dos Açores. A Casa Agrícola Brum e a Cooperativa Vitivinícola da Ilha do Pico receberam a certificação IPR em novembro de 1996, com as marcas Brum e Lajido, respetivamente.
A Adega Cooperativa da Graciosa também foi certificada em junho do mesmo ano com a marca Pedras Brancas, tornando-se o primeiro VQPRD dos Açores.
A ilha da Graciosa foi colonizada no século XV por Vasco Gil Sodré e desde então dedicou-se à agricultura e à vinha, exportando já no século XVI trigo, cevada, vinho e aguardente. O vinho foi uma importante fonte de riqueza económica, tendo a ilha produzido 6.000 pipas de vinho em 1836. Em 1938, cerca de um terço da superfície cultivada era dedicada à cultura da vinha, com destaque para o Verdelho.

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